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A Ciência do chute

A desigualdade está caindo. Caiu em 2024 e continua caindo em 2025. Os dados do FGV Social indicam uma reversão histórica: os mais pobres estão tendo ganhos reais de renda maiores que os mais ricos. O aumento de 9,8% nas classes baixas mostra que políticas de transferência e a recuperação do emprego estão surtindo efeito. A classe média também melhora, ainda que de forma mais modesta. Já o topo da pirâmide cresce pouco, o que ajuda a reduzir a desigualdade. Pela primeira vez em anos, o país vive uma recuperação com sinal de inclusão social.


Imaginem se todas as análises de economistas e comentaristas esportivos fossem confrontadas com o resultado real do que comentam. Eles compartilham a mesma síndrome: a do palpite. Pra quem não sabe, palpite é um chute — uma suposição sem base em fatos ou dados concretos. Ambos constroem narrativas que tentam antecipar o futuro — o jogo ou o PIB — guiados mais por convicções do que por evidências. Quando acertam, cobram prestígio; quando erram, mudam o discurso e seguem adiante, sem prestar contas pelo impacto de suas previsões.


Os comentaristas esportivos erram por paixão, e seus equívocos fazem parte do espetáculo. Já os analistas econômicos, ao preverem desastres ou milagres, influenciam mercados, políticas e a vida das pessoas. O problema é que muitos agem mais como torcedores ideológicos do que como técnicos. Em comum, há o gosto pela dramatização: “O Brasil vai quebrar” soa tão bem quanto “Esse time não tem alma”. A diferença é que, no primeiro caso, o erro custa caro. Ambos deveriam aprender o valor de observar antes de prever.

 
 
 

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